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Webzine “Metal Incandescente”

[CRÍTICA – EP]
RAMP

Planet Earth
Paranoid Records
Web: rampmetal.com

Em Abril do ano passado, na crítica ao mais recente álbum dos Ramp, Nude, exaltávamos o facto de a unidade seixalense nunca ter sofrido alterações de formação significativas.

Mas no melhor pano cai a nódoa e, em Janeiro, os fãs receberam com estupefacção a notícia do abandono do carismático baixista, João Sapo. O colectivo não perdeu tempo e já este mês anunciou o substituto, na pessoa de Fernando Caveira, cuja prova de fogo se materializa na digressão promocional ao novo EP, Planet Earth, em cujas gravações Sapo ainda participou.

Gravado, produzido e misturado nos Scum Studios pelo guitarrista Ricardo Mendonça com assistência da banda, este é um registo despretensioso, em que os Ramp exploram uma vertente humorística e ao mesmo tempo oferecem material novo, enquanto não chega o sucessor de Nude. Planet Earth vem ainda proporcionar a concretização da tournée nacional há muito planeada.

O tema-título, a abrir o CD, é um clássico dos Duran Duran e resulta em pleno. Muito bem recriado – nalgumas passagens Rui Duarte soa mesmo a Simon LeBon -, não só permanece fiel ao original como retém algo dos próprios Ramp, numa simbiose perfeita.

Segue-se o inédito «You Make Me», com enorme potencial, ao melhor estilo do grupo. Pena que não haja sido registado na época de Nude e nele incluído . Finalmente, «Anjinho da Guarda», um original de António Variações que foi genérico da série de animação com o mesmo nome. Acompanhada do respectivo clip (bem sangrento, por sinal), remete-nos para uns Censurados na sua toada Punk/Hardcore e melodia contagiante.

A faixa multimédia incluída reúne também os dois primeiros episódios da divertida série de animação «Cristiano O Menino Metaleiro», que promete grandes peripécias. Nota negativa para a vozes das personagens, que soam muito forçadas. Seja como for, vale a pena seguir as aventuras de Cristiano em http://cristiano.killtoons.com.7,5/10
Dico ~ Metal Incandescente
Planet Earth estará disponível exclusivamente nos espectáculos da Planet Earth Tour e através dos sites do grupo e da editora.

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RAMP – ENTREVISTA


Os Ramp são o eterno segredo bem escondido da cena portuguesa. Nome crucial do metal português, carregam o estigma de nunca terem conseguido uma internacionalização à altura do poder e qualidade do seu power-thrash. No entanto, nos últimos anos a banda de Rui Duarte parece conhecer um novo fôlego, culminado com o último álbum «Nude», e agora perpetuado com a edição de um novo EP, chamado «Planet Earth». Este EP apresenta um novo baixista, que substitui o insubstituivel Sapo e antecede uma digressão nacional de bares que os Ramp vão fazer durante o mês de Abril. Neste ponto de viragem da carreira dos Ramp, falámos com o vocalista Rui Duarte sobre a digressão, sobre o EP e sobre a troca de baixistas.

Porquê um EP, porquê agora?
Passado um ano e alguns meses da edição do «Nude», principalmente devido a alterações profundas que houve de management e mesmo de agenciamento. Aliás, para variar. Os Ramp desde o início têm andado sempre a trocar de estruturas e esse tem sido um grave handicap: nós não termos encontrado ainda a estrutura certa com a qual trabalhar. A edição do EP era mais do que obrigatória. Primeiro porque havia a possibilidade de gravar esse mesmo material. Segundo porque seria um trabalho de reentre para este ano, em que a nova equipa iria estar montada, e isto a anteceder logicamente o próximo disco de originais. O timing tem a ver com isso. Em relação ao conteúdo, achámos também que era interessante lançar um EP porque é uma coisa que não é nada pretensiosa – bem pelo contrário. É uma coisa bem acessível às pessoas, tanto que a nossa intenção é fazer uma edição muito limitada e a venda apenas feita através dos espectáculos ao vivo da banda e quer através do site da editora, quer através do site oficial da banda. Isto também para podermos fazer a venda a um preço bastante reduzido. Nós queremos vender o EP a Eur 5,00, ou seja, torná-lo uma coisa bastante apetecível; para já por ser uma coisa limitada, porque irá ser um objecto de colecção, e ao mesmo tempo que seja uma coisa extremamente barata para que as pessoas consigam comprá-lo facilmente sem estarmos a encher os bolsos aos intermediários. O EP acaba por ser um bocado uma aproximação; nós queremos estar em contacto directo com as pessoas que gostam muito dos Ramp sem ser apenas só no meio comercial normal. Aliás, a intenção de fazermos a tour e a promoção do EP da maneira como nós vamos fazer é exactamente isso. É um bocado nós descermos ao contacto mais directo com as pessoas, tocarmos em espaços mais pequenos para fazermos concertos mais intimistas em que haja uma relação muito próxima da banda com o público. Um bocado para voltar a puxar aquela química do que é sentir uma banda a tocar à frente, e não longe. Isso para nós é extremamente importante. Acho que esse é o principal timing do EP. É tentar, de alguma maneira, aproximar os Ramp das pessoas.

E artisticamente, porquê a escolha destas músicas?
Isto aconteceu um pouco por acaso. Nós na altura estávamos a gravar, ou íamos começar a preparar a gravação, do «Nude», e por brincadeira pensámos numa série de covers, em quais é que havíamos de fazer. E na altura escolhemos um tema de Duran Duran, e a escolha mais tarde veio a concretizar-se em termos de gravação. O tema original faz parte ainda das sessões de composição do próprio «Nude», e o tema de António Variações não surgiu no seguimento do que se passou no final do ano passado, quando foram lançados os inéditos do António Variações. Não foi nada disso, porque no fundo o tema já foi feito também o ano passado, e nessa altura foi feito para uma série de BD portuguesa, que se chamava ‘O Anjinho da guarda”, e o tema-título da série é exactamente também o tema «Anjinho da Guarda», do António Variações. Os Ramp foram convidados a fazer toda a parte musical, que neste caso era o tema do teaser, que era essa cover do António Variações. Nós achámos que realmente era um desafio engraçado, nós conheciamos o criativo que estava por detrás de toda a arte dos cartoons, e participámos, com o máximo de boa-vontade. Depois houve pessoal que ouviu o tema, achou imensa piada e nos perguntou “porque é que não editam”. E pronto, acabou por ficar no EP. É um EP com três músicas, mas depois tem uma parte multimédia que vai ser complementar. Nessa parte multimédia vamos ter o vídeo-clip do «Anjinho da Guarda», todo feito em cartoons, e vamos ter uma personagem nova, que é nada mais nada menos do que o Cristiano, o menino metaleiro. São dois pequenos episódios – são muito pequenos – e são essencialmente o contacto com uma personagem nova que depois vai viver online, porque a pessoa que está por detrás da série O Anjinho da guarda tem imensos sites feitos na internet enquanto criativo de cartoons, e o Cristiano é apenas uma das vertentes que ele tem, que constrói e que depois normalmente vai actualizando online. À parte disso, as pessoas depois através do link do próprio site do Cristiano vão ter um mundo à sua escolha, da autoria do mesmo autor, como por exemplo os sites da KillTunes, que têm coisas altamente, e que são sites feitos por um português que no fundo têm essencialmente visitas feitas por pessoas fora de Portugal. O que não deixa de ser curioso.

Sim, é curioso para um povo que está sempre a chorar…
Sim, exactamente. Eu acho que em Portugal há valor. As coisas têm é que se mostrar, e às vezes nós realmente negligenciamos um pouco o nosso trabalho. E a verdade é que nós temos pessoal com muita capacidade em Portugal. Só que infelizmente depois temos aquele lado mais negativo do facto de sermos um país muito pequeno em que as coisas não têm muito poder económico para andarem para a frente em termos estruturais. Mas também não podemos pensar demasiado nisso. Temos é de fazer, e essa é um bocado a filosofia dos Ramp. Hoje em dia, mais do que estarmos a chorar sobre aquilo que não se consegue fazer, temos que pensar que temos de fazer, e fazer – de uma maneira ou de outra.

Vocês alguma vez tiveram um sentimento de amputação por causa da saída do Sapo?
Não. Não chega bem a ser esse o sentimento. Eu acho que o sentimento se reparte em várias vertentes. Uma delas, para já, é de alguma tristeza, logicamente. Nós partilhámos o trajecto todo dos Ramp até hoje com o Sapo; foram 16 anos, ou seja foi uma amizade muito longa. Não é uma coisa que se possa deitar pela janela fora e dizer “não significou nada”. Bem pelo contrário – significou muito. Mas por outro lado temos também um sentimento de alguma compreensão para com ele. Ou seja, nós compreendemos que não é fácil, porque nós estamos também cá dentro e sabemos que é extremamente difícil levar os Ramp para a frente. Não é uma coisa que seja feita de ânimo leve. E no caso do Sapo foi uma decisão pessoal. Enquanto amigos do Sapo, e enquanto pessoas que partilhámos o que partilhámos durante tantos anos, tínhamos que compreender que a decisão dele era uma decisão pessoal. Não era uma questão de “ah, o Sapo chateou-se com o resto do pessoal dos Ramp”. Não, pelo contrário. Nós sempre nos demos bem, não teve nada a ver com isso. Teve a ver com o facto de ele ter chegado a uma altura da vida dele em que teve de tomar uma decisão pessoal. E nós também compreendemos um pouco, depois de tudo o que se passou e da maneira como ele falou connosco, que não foi uma decisão fácil para ele. Para ele, abdicar dos Ramp foi uma situação complicada também. Ele no fundo teve que abandonar uma coisa que andou a construir durante tantos anos. 16 anos é uma vida, percebes? Não são propriamente dois ou três anos; é muito tempo em que as pessoas deram muito de si. E nós compreendemos que para ele também não foi fácil. Por isso não é bem um sentimento de amputação – é quase como. É quase como dizer um “até já” e ao mesmo tempo retribuirmos com o “obrigado” por tudo o que ele deu. O que não invalida que nós não estejamos em contacto permanente com ele. Aliás, regularmente, no máximo de duas em duas semanas nós falamos com o Sapo e as coisas continuam bastante presentes. ele é nosso amigo, e desde que saiu da banda tem acompanhado o evoluir das notícias, do site, das coisas todas… estas gravações que vão sair agora no EP foram feitas também com o Sapo… posso dizer que o novo baixista dos Ramp é amigo do Sapo. Posso até dizer que ele chegou ao ponto de comprar todo o backline do Sapo… ou seja, nós tentámos preservar ao máximo a presença do Sapo. Só não temos a presença física a tocar porque ele tomou essa decisão, mas o Sapo continua a fazer parte dos Ramp. E vai continuar a fazer parte. Logicamente, neste momento a família dos Ramp, em termos de colectivo musical aumentou. Se antigamente nós éramos, no fundo, seis – porque antes do Sapo tivemos o Miguel, mesmo nas origens – e agora temos o Caveirinha, que é mais um que entrou. Resultado: os Ramp neste momento passam a ser sete pessoas, já. É um bocado assim que nós vemos as coisas. Mas amputação… não considero que seja uma amputação, porque o Sapo continua presente nos Ramp. Não foi cortado dos Ramp. Apenas já não está a trabalhar neste momento connosco, mas faz parte de nós.

Como é que vocês, com 16 anos de carreira, conseguem ter entusiasmo para encetarem uma digressão de muitas datas em bares?
Eu acho que é normal, sabes? Da nossa parte é uma coisa perfeitamente normal. Contrariamente ao que muitas pessoas podem pensar… só aquelas que realmente nos conhecem melhor é que sabem que os Ramp são das pessoas mais humildes e mais down-to-earth possível. Nós acima de tudo gostamos daquilo que fazemos, e não temos preconceitos absolutamente nenhuns. Nós tentamos fazer as coisas de que gostamos bem feitas. E a verdade é esta: nesta altura do campeonato, aquilo de que os Ramp tinham mais vontade, e é a razão de ser de nós funcionarmos com entusiasmo ao fim destes anos todos, é o público. O público é que nos contagia com isso. E esta situação passa exactamente por nós sentirmos o público connosco, e de alguma maneira o público também nos sentir ao pé deles. Eu acho que isso é que vai ser a maior razão de entusiasmo. Eu acho que está aí um pouco a razão de ser, quer de nós continuarmos com muita vontade ao fim destes anos todos, quer o facto de nós querermos fazer esta tour. Depois, não deixa de ser curioso… em Portugal nós chamamos-lhes bares, certo? No estrangeiro nós chamamos-lhes clubes. E a verdade é que a maior parte das tours feitas no estrangeiro são tours de clubes, contrariamente ao que as pessoas pensam em Portugal. Eu pessoalmente não tenho preconceitos nenhuns em relação a chamar bares ou chamar clubes – eu chamo-lhes espaços limitados em termos de público. E o que nós pretendemos fazer é pôr os Ramp a tocar essencialmente a pensar numa coisa: na música. Mais do que pensarmos em luzes, cenários, encenações, isto ou aquilo, essencialmente eu quero é sentir os Ramp com o público à sua frente. E eu acho que isso vai ser uma razão de bastante entusiasmo. Ao fim destes 16 anos vai ser muito bom. E acho que muitas pessoas vão ficar surpreendidas, pelo menos aquelas que nunca tiveram oportunidade de ver os Ramp tão de perto.

Mas tu provavelmente sabes, mais do que qualquer outro músico em Portugal, que se fazes uma digressão de bares em Portugal, vais ter uma luta diária para que tudo corra bem, porque nem todos são os espaços ideais para ter música…
Posso dizer-te que, por exemplo, o ano passado eu fiz uma tour europeia com os Re:Aktor, e apanhámos situações completamente… diferentes. E a realidade é mesmo assim. Eu não compreendo… a malta mete-se na música e diz “ah, o rock’n’roll, o rock’n’roll”… e o rock’n’roll é mesmo isso, percebes? É conseguir enfrentar essas situações e estar na boa. Em Portugal as bandas queixam-se imenso, do género “ah, isto é muito cansativo”. É cansativo o quê? Cansativo é um gajo andar a ripar não sei quantos dias seguidos e de um dia para o outro ter que fazer 1.800 quilómetros e aguentar-se e tocar. Portugal de uma ponta a outra tem quantos quilómetros? Uns 600… só por aí podes ver bem um bocado da realidade (risos). Acho que muitas pessoas em Portugal estão mal habituadas, porque há muito trabalho pela frente em que as pessoas realmente se têm que empenhar. Isso não assusta os Ramp… o trabalho nunca nos assustou. O que realmente nos chateia muito mais vezes é, em termos estruturais, nunca termos encontrado a equipa certa. Porque o eterno problema em Portugal é trabalhar com as pessoas certas, com a visão e com a ambição. Mas nós continuamos a ter essa visão e essa ambição. Por isso é que para nós é tão importante fazermos esta situação de, por exemplo, espaços mais pequenos. Eu acho que é vital. E quando as pessoas tiverem oportunidade de ver, eu acho que aí é que as coisas se vão manifestar. Nós já o fizemos no passado; isto não é uma novidade para os Ramp – os Ramp já o fizeram há muitos anos atrás, e o resultado prático da situação foi que realmente granjeámos um número de fãs incrível que foi a nossa base, que nos fez subsistir até hoje. E é um bocado isso que nós vamos continuar a fazer, porque há muitas pessoas que não tiveram oportunidade de ver os Ramp à sua frente. E isso é uma mais-valia, porque aí não há que enganar. Ou a banda é boa ou não é boa. Porque não há nada que mascare. É a banda no seu expoente máximo, e mais puro. E é isso que os Ramp vão fazer.

Os vossos fãs vão então ter oportunidade de vos ver, e não só – de vos tocar e de falar convosco, nessas actuações de bares.
Sim, porque isto vai ser uma oportunidade única, o que também é de salientar. Vai ser uma acção que vai acontecer durante Abril, e depois não vai voltar a acontecer, pelo menos nos tempos mais próximos. E acaba por ser uma oportunidade única para as pessoas poderem ver os Ramp numa situação completamente diferente.

É uma sensação única, estares ali à frente da banda de que gostas, estares quase no meio deles…
Quando as pessoas chegam ao pé de mim e me perguntam “não te faz confusão ires tocar num bar?” eu digo “diz-me o nome de uma banda que tu gostes”. Eu pergunto-te por exemplo a ti… diz-me o nome de uma banda de metal que tu gostes, por exemplo… Arcturus.

OK. E diz-me uma coisa. Preferias vê-los num bar com uma capacidade para umas 300 pessoas, onde pudesses estar praticamente à frente deles, ou preferias vê-los no estádio de Alvalade?

Bem, se me fosse dada escolha, eu preferia vê-los a tocar no meu quarto.
Exactamente. E o teu quarto será o sítio ideal para eles darem um espectáculo?

Não é, e eu não ouviria nem veria tudo. Mas é como tu dizes…
Era especial, não era?

Exactamente.
Pronto. É exactamente esse o sentimento. Ou seja, se tu gostas de uma banda, o concerto mais especial que podes ter dessa banda pode ser o concerto mais pequenino existente, mas tem de ser aquele concerto em que tu irias estar com o contacto mais directo com a banda. E é um bocado por aí. Isso é que tem a magia. Os espectáculos grandes são bons na mesma; só que são diferentes. Eu pessoalmente, se me dessem a escolher entre ver Metallica, como cheguei a ver, no antigo estádio José de Alvalade ou noutro estádio qualquer, ou ver, sei lá, no antigo Johnny Guitar ou no Paradise Garage ou num sítio ainda mais pequeno, eu preferia ver nesse sítio mais pequeno. Acredita que preferia mesmo. Aliás, não é à toa que as grandes bandas americanas também o fazem. Não foi à toa que os Korn fizeram a maluquice que fizeram, e os próprios Metallica já o fizeram no passado. Porque é realmente uma coisa especial. E as pessoas adoram essas pequenas oportunidades.

Funciona muito bem, mas lá está – é como complemento dos concertos grandes também.
Sim, é verdade, tem que funcionar como complemento. Se vais fazer só isso, acaba por faltar a outra vertente. Uma banda que se diz profissional tem que estar preparada para ambas as situações. Tem que estar preprada para fazer tanto uma situação pequena como uma situação grande. Porque há uma leitura de palco, há uma maneira de estar num palco mais pequeno, e há uma maneira de estar num palco maior. E são dois géneros de situações um bocado diferentes. Há que ter ambas as escolas, porque ambas são necessárias. Mas também é mau para uma banda só estar habituada a estar em palcos grandes, porque por vezes quando lhes retiram a produção já não consegue ser o que era. Quando fazes um trajecto grande, sazonalmente é bom fazer algumas situações também pequenas, porque às vezes é bom assentar os pés na terra e não levantar voo. E neste caso o que se passou é que nós vimos que a banda necessita muito desse contacto directo com as pessoas. E exactamente as pessoas poderem ter oportunidade de poderem ver os Ramp de uma maneira que já não vêem há muitos anos atrás. E por esse lado eu acho que vai ser um bom recomeço, vai ser um bom reatar de velhas amizades, e ao mesmo tempo a construção de uma nova camada de público, porque há muitas pessoas que vão ver os Ramp pela primeira vez.

Há uma boa fatia de público residual que é frequentador dos bares e que não conhece os Ramp…
Também acaba por aparecer algum público que não nos conhece. Essencialmente, eu acho que o mais importante é as pessoas sentirem a banda ali ao pé. Os Ramp sempre foram uma banda de palco, sempre fomos uma banda que conquistou muito as coisas ao vivo. Mais do que simplesmente a situação de estúdio, mais do que simplesmente a situação da produção, sempre fomos uma banda que deu muito valor à sua parte musical e não só a parte de entretenimento. E eu acho que é fundamental as pessoas voltarem a sentir que os Ramp são acima de tudo, e genuinamente, uma banda que se preocupa com a sua música mais do que com tudo o resto. O resto é um complemento. A força da banda, num espaço pequeno, passa muito por aquilo que os músicos estão a dar e por aquilo que o backline está a cuspir para fora. E nisso eu tenho a garantia que os Ramp sempre foram uma banda muito coesa, por isso as pessoas vão sentir isso… e num sítio mais pequeno então, mais do que nunca. Para além de que vai ser uma oportunidade, num espaço de tempo muito curto, de nós fazermos um roteiro, que é uma coisa que as pessoas não estão habituadas a fazer em Portugal. Porque as pessoas queixam-se que em Portugal não há circuito, certo? Pá, os Ramp criaram um circuito; vão fazer 15 datas num mês. E podíamos fazer mais… recusámos algumas porque achámos que já chegava, neste momento, para aquilo que nós pretendíamos fazer. Mas pronto, temos um circuito montado.

Agora as bandas que quiserem fazer uma digressão só têm que pegar na vossa tour e segui-la.
O roteiro está lá. São 15 sítios… quando de repente quiserem fazer uma tour nacional, podem fazer. Nós conseguimos fazê-lo, montámo-la e vamos em frente. Às vezes as pessoas quando se queixam que não há um circuito, pá… o circuito é ali. Isto não é bem um circuito montado, tem que se montar, tem que haver trabalho para isso. Mas faz-se. A prova está aí… são 15 datas.

Sim, exacto. Vocês não abriram bar nenhum só para tocarem…
(risos) Sim, exacto. Os sítios já existiam. Nós só os estamos a utilizar. É um bocado esse o espírito… o que se passa lá fora não varia muito dessa maneira de ver as coisas – é uma maneira muito prática. Tudo bem, há uma pequena diferença em Portugal, em que o pessoal está habituado a ver as Câmaras Municipais a pagarem os espectáculos, o pessoal não poder ver de borla. Mas mesmo assim, o nível das entradas que nós vamos praticar é bastante acessível. Quando estamos a falar em entradas que podem oscilar entre Eur 5,00 e Eur 6,00, é ridiculamente baixo. Hoje em dia para tu entrares num bar de consumo mínimo, tens que pagar às vezes Eur 7,00. É ridiculamente baixo aquilo que se vai ter que pagar para ver os Ramp. É o que eu digo… é uma oportunidade única, mesmo.

Publicado por BillLaswell ~ Metalmorfose em março 30, 2005 12:30 AM

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